A gente vai olhando o globo terrestre, rodando o planeta azul e vasculhando cada cantinho do mapa, procurando alguma coisa que me faça feliz. Escolher um ponto no mapa definitivamente é o que me faz MAIS feliz.
Eu sabia que a Islândia seria uma explosão de felicidade e aventura, bem como de preparação e estudo. Basta você pisar no país dos Vinkings para sentir a atmosfera desse lugar. Lugar esse que anos atrás apenas era alcancável nas páginas dos meus livros de História da escola. País de clima e temperatura hostil, paisagens dramáticas e belas ao mesmo tempo, é preciso respeitar muito a natureza, não pode brigar com ela, você sempre vai perder.
Pegando meu carro/casa/barraca/cozinha, eu teria 12 dias pela frente, sem saber onde iria dormir, eu apenas fui indo, fui indo...A Islândia é rústica, cada dia foi acordar, abrir a barraca e “ir para a guerra”. Mesmo porque, nesse lugares que passei, nos campos verdejantes, do Sudoeste do país, nas highlands e no norte inóspito, em algum lugar ali houve uma batalha feroz dos Vikings a milhares de anos atrás, esse chão também tem sangue derramado, tem o passado que moldou o caráter desse ilha.
Rodei o país inteiro, pela famosa Ring Road, de 1350km, mas também sai dela para ter a real noção da doce solidão. Entrei de corpo e alma no coração do país na Rodovia F210 (somente carros 4x4 podem trafegar por lá). subindo montanhas em estradas estreitas sem acostamento, atravessei pequenos rios, vi vales sem fim e a natureza em estado PURO, plenitude máxima da alma. Fui ao extremo sul do país no Farol de Dyrholaey e subi ao extremo norte inóspito do Artic Henge e das cidades de Porshöfn (Porto de Thor) e Raufarhofn.
Em vários momentos, principalmente nesses lugares, me sentia DONO do lugar, essa ilha era minha.
Fotagrafei estrela cadente, vi Aurora Boreal no primeiro dia, compartilhei comida com ciclistas ao longo do caminho, tomei banho de garrafa pois não tinha moeda para colocar no chuveiro, fotografei a fuselagem de um avião da década de 70 com os espanhois loucos, e caminhamos 4km de volta debaixo de chuva, frio e muita risada, cozinhei todos os dias, conversei com meu pai, visitei um templo pagão nórdico, fiquei assustado com a força do vento no norte, me alcoolizei no bar em Porshöfn com os locais e deixei minha bandeira do Corinthians com eles, enterrei uma capsula do tempo e vou tatuar a posição geografica no braço, vi ao vivo a celebração Viking do futebol da Islândia, chorei diversas vezes de felicidade sem ainda acreditar em tudo que eu vivi aqui com o máximo de intensidade, tive coragem que eu nem pensava que teria, escalei uma cachoeira, tomei água direto dos rios límpidos, buzinei comprimentando todos os caminhoneiros que cruzavam comigo na estrada, coloquei Skank e Zé Ramalho pra tocar no bar...Ufa, e ainda falta coisa!
Queria agradecer IMENSAMENTE as pessoas que cruzaram meu caminho nessa aventura, cada um tem sua parte nesse capítulo fantástico desse história ! Aos meus amigos no Brasil, que ficaram preocupados comigo, aqueles que compartilhei minha localização quase diariamente, que pediam sinal de vida, que cuidaram da minha mãe, me senti protegido mesmo a 10.000 de distância, na boa EU TENHO OS MELHORES amigos DO MUNDO, OBRIGADO !
Hoje eu só estou podendo escrever sobre minha aventura na Islândia graças ao Pedrão e a Dona Sônia, eles me ensinaram desde pequeno que a felicidade plena consiste entrar em um avião, e apenas ir e que a maior coleção que podemos ter são das história que só um carimbo no passaporte pode contar.
Takk Island 🇮🇸
Thanks Iceland 🇮🇸
Obrigado Islândia 🇮🇸
Adriano Maffei Scatimburgo